quinta-feira, 11 de junho de 2009

Uma cena qualquer.

Em pleno feriado de Corpus Christi, eu vi essa cena aí de cima. Estava indo tomar café-da-manhã na padaria e tinha um rapaz, aparentemente um morador de rua, parado na rotatória que fica na esquina do meu prédio. Imóvel, ali no meio daquele círculo. A cena me intrigou. Tive vontade de ir lá falar com ele e saber o porquê daquilo. Mas morar em São Paulo é assim mesmo. Ninguém dá bola pra esse tipo de situação. Fiz uma foto e só. Os motoristas que passavam, freavam. E não porque ali é um cruzamento de ruas, pois normalmente não o fazem. A preferencial é de quem vem descendo. Muito provavelmente, estavam assustados com o homem. Poderia ser um suicida, querendo se jogar na frente de qualquer carro. Poderia ser um ladrão, querendo roubar. Morar em São Paulo é assim mesmo. Talvez fosse só um pobre sujeito, que, àquela hora da manhã já estava com a cara cheia de bebida ou outra coisa qualquer. Talvez tristeza. Ou outra coisa qualquer.

Fiquei com aquilo na mente o tempo todo que permaneci na padaria e decidi fazer algo mais na volta. Um pouco mais do que só tirar a foto. Quem sabe pagar-lhe um café, um pão com manteiga. Ou outra coisa qualquer. Mas quando voltei o cara já tinha sumido. Muito rápido. Muito efêmero. Morar em São Paulo é assim mesmo.

Não quero romantizar a desgraça alheia. Nem pregar contra a injustiça social, a falta de oportunidades, a miséria humana. Não vou fazer disso um parlatório de discursos vazios. Mas enquanto ele ainda estava lá, estático, eu ia subindo a rua e olhando para trás a cada cinco segundos, pra ver se ele saía ou que diabo de final teria aquela cena. Foi um desses instantes que a minha câmera captou. No instante seguinte, lembrei-me desse vídeo do UNKLE.

Acho que eu preciso parar um pouco de enxergar cinema e música em todas as cenas que vejo.

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